domingo, 14 de novembro de 2010

Textos Meus: Não Existem Escolhas Certas


Aqui está mais um dos meus textos. Esse aqui eu chamei de "Não Existem Escolhas Certas". Espero que gostem  : )


Nesta casa existe um quarto.
Um quarto de dois lados.
Cada lado com o seu objeto.
Sou obediente com a ordem que me foi dada, de escolher um e apenas um lado, sem poder olhar para trás, e foi assim que o fiz.
Olhei para cada lado, com cuidado, examinando-os.
Foi igualzinho ao que me foi dito.
Cada um com um objeto aleatório.
Cada um com o seu cada qual.
Na esquerda havia um colchão, na direita havia uma cama de rainha.
Na esquerda havia roupas simples, roupas velhas, roupas de caridade. Na direita não havia roupa alguma, mas sim trajes. Trajes finos de alta classe, de alta nobreza e burguesia.
Na esquerda havia um par de chinelos e um prato de comida, na direita uma mesa inteira com um banquete estendido e sapatos de princesa. Tudo um luxo!
Tudo bem, eu era canhota. Fui acostumada a vida toda a escrever e me definir por uma só mão. Mas pelo oque eu vi, essa era a minha chance de mudar de lado...mudar de mão...foi assim que eu o fiz.
A animação e a êxtase dadas pelos primeiros segundos em minha nova vida de burguesa, repentinamente me fizeram cair em um mar deprimente chamado realidade.
No meio de tanta riqueza e oportunidade, mal sabia eu da minha mais recente situação, que era o desconforto e a enganação.
Olhava deitada para o outro lado do quarto, não sabia oque fazia até me pegar pedido, implorando, clamando pelo calor costumeiro do cobertor de malha, ao invés de ter de ficar plantada aqui nesse conforto que pinica, nesses trajes que apertam, e nessa comida sem gosto.
Me perdi, chorei, me arrependi, fui contra a minha natureza, e agora vejo tudo se desistegrando diante de mim.
Os dias foram se passando. E minha angustia foi aumentando.
Sentia dor, frio, saudade, necessidade de um colo, um ombro amigo no qual eu pudesse chorar...eu não tinha mais nada. E quando realmente despertei do pesadelo, não havia nada mesmo, minhas coisas, meus móveis, minha riqueza se foi, e no outro lado uma outra pessoa estava aconchegada, confortada no meio daquele pequeno colchão, com as roupas largadas e os chinelos velhos, ja eu? Eu havia perdido tudo. Eu tinha tudo e perdi tudo. E agora não tenho mais nada. Nada além de cimento, madeira, pedras e fogo. Do outro lado a pessoa ja tinha tudo, e agora ela aumentava seu conforto. Em breve o lado esquerdo estará majestoso e refinado e a pessoa será rica. Enquanto eu era a prova de que não existem escolhas certas. Em breve estarei fazendo tudo que meu vizinho faz, mas para mim será mais difícil, pois estou começando de onde todos nessa terra vieram: Do Começo



Encontrem esse e vários outros textos no meu outro blog: NewsLitWriters

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